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Amigos

Auzim Freire

 Obs: A 1ª obra do poeta "Amanaiara e outras histórias" pode ser vista no seguinte endereço: http://vidaarteedireito.blogspot.com/p/regional-auzim-freire.html

Canção da América (Amigo) 
Milton Nascimento 1980


As bodegas do Antônio Pinto e do Luiz Monte

O Raimundo Chaves

Do Cariré veio pra cá
Teve seu tempo de glória
Primeiro foi pra Vitória
Fazenda do Zé de Sá
Depois disso veio morar
Aqui no nosso Distrito
E fez um número bonito
Era muito paciente
Aquele tipo de gente
Que merece ser escrito.

A família numerosa
Todos de modos agradáveis
O velho Raimundo Chaves
Teve a vida caprichosa
De maneira carinhosa
Em tudo que ele fazia
O seu Raimundo vivia
Com bom serviço prestado
De todas as casas os telhado
Foram de sua olaria.

Suas ações eram em branco
Disso aí eu posso afirmar
Me deu casa pra morar
Ali na Rua do Campo
O seu Raimundo era franco
E a família também
Pouco ligavam o que tem
Naquela época sofrida
Foram tudo em minha vida
Falar disso me convém.

Seu Raimundo não ligava
Em prestar qualquer serviço
Dos mais fáceis aos mais difíceis
Ele não se incomodava
Com tudo se contentava
Seu terreno era cercado
Ele fazia roçado
Carregava o que podia
O resto o povo invadia
E ele ficava calado.

Enfim a família Chaves
A partir de seu Raimundo
Eu agradeço profundo
Cada qual mais agradáveis
Só tem Mocinha e seu João
E o resto dos irmãos
Estão na outra extremidade
Foram e deixaram saudade
Desse pedaço de chão.

Todas essas coisas passaram
Eu guardo em minha memória
E sempre conto a história
Como eles me trataram
Em tudo me ajudaram
De maneira especial
Eu acho fundamental
Relatar essas passagens
Escrever essas mensagens
Com sentimento moral.

O Rocí me deu guarida
O João Chaves nem se fala
O Dódó, pessoa rara
Mundica me deu comida
No meu começo de vida
Quando eu cheguei na cidade
Eu falo com claridade
As ajudas recebidas
Pela família acolhida
Nas minhas necessidade.
                                                        (Auzim Freire)

O Caboquinho Ribeiro

O Caboquinho Ribeiro
Foi sempre mais resguardado
Mas tem lugar reservado
dentro do nosso roteiro
Era um homem verdadeiro
De grande admiração
Era gente da estação
Da rede ferroviária
No tempo em que a Amanaiara
Tinha movimentação.

Bater naquele teclado
Chamado telegrafia
Só o Caboquinho sabia
Era muito preparado
Caboquinho era casado
Com a Dona Margarida
Era de bem com a vida
Com sua renda abonada
Empregado da estrada
Era coisa preferida.

O Caboquinho também veio
Ser argente em Sobral
E comprou uma rural
Só vinha aqui a passeio
Isso é que eu não sei
Falar mais a seu respeito
Era um cidadão direito
No seu sistema de vida
Ele e Dona Margarida
Um casal muito perfeito.

Eu me lembro muito bem
Daquela data querida
Caboquinho dava partida
Para a chegada do trem
Daquilo mais nada tem
Era momento de glória
Eu hoje conto a história
Daqueles dias vividos
Sem poderem ser esquecidos
São gravados na memória.

Depois de aposentado
Tendo na vida firmeza
Veio morar em Fortaleza
Ficando mais desligado
Mas sempre teve o cuidado
De vir na comunidade
Foi homem sem vaidade
Muito educado e descente
Aquele tipo de gente
Que morre e deixa saudade.

                                                        (Auzim Freire)

Homenagem ao Dr. Vicente Jr.

Ao Dr. Vicente, que eu nem conheço,
Muito obrigado por seu elogio
Já não me sinto assim tão vazio
Com suas palavras que eu nem mereço
Sou um sertanejo sem cama e sem berço
E por o senhor ser elogiado
Me fez ficar emocionado
Em me comparar com tantos poetas
De línguas sábias e letras corretas
De saber imenso e categorizado.

Com suas palavras eu fiquei contente
Deu luz e vida sobre meu caminho
Agora eu sei que não estou sozinho
Tenho que o aval  de ser tão competente
Que vê a rima de modo excelente
Como as flores da beira da estrada
Que se reflorescem sem serem plantadas
Como a água corre descendo os outeiros
Como o galo canta lá do seu poleiro
Como o orvalho cai na madrugada.
                       

                                                                                                          Auzim freire


Zé Carlos tomando banho

Valei-me São Malaquia
Isso ai eu acho estranho
Zé Carlos tomando banho
Quando não é o seu dia
Só o Macaco fazia
Ele quebrar sua jura
To vendo, é verdade pura
Ele vai ficar doente
E vai dar trabalho a gente
Com a sua travessura.

(Auzim Freire)


Tenente Zé Machado


Na planície do pajé
No Vale do Guraira
Comendo mel de cupira
Ali nasceu seu José
Não era um homem qualquer
De berço foi programado
Pra ser homem afamado
Mente fria e sangue quente
E muito amigo da gente
O tenente Zé Machado.

Ele como sertanejo
Se lembra de onde foi criado
Lutando tangendo o gado
Comendo feijão com queijo
Namorando nos festejo
Na terra dos pau brancau
Seu reduto principal
Aonde tinha muitas fãs
Do riacho das intãs
Poço frio e areal.

Gostava muito de festa
No tempo da mocidade
Com muita facilidade
Tinha uma estrela na testa
Era um moço genial
Depois deixou areal
Aquele sertão cessudo
Veio terminar seus estudos
Na cidade de Sobral.

Servil as forças armadas
E saiu como tenente
Daquele dia pra frente
Não quis saber mais de nada
Partiu para outra jornada
Tornou-se um grande empresário
Com comercio milionário
De se tirar o chapéu
sócio com o seu Manuel
dispensava comentário.

Ele foi o pioneiro
Em cera de carnaúba
Uma palha que se derruba
E estende no tabuleiro
Ele foi um dos primeiro
Em termo de exportação
Comprava qualquer porção
Depois beneficiava
Nos navios embarcava
E vendia no Japão.

Ali na fabrica machado
Um corredor de serviço
Orgulho da Padre Cícero
Ainda vive lembrado
Caminhão pra todo lado
Chegando a semana inteira
Tinha um sistema de feira
O bom mesmo que eu achava
De manhã quando acordava
Com o apito da caldeira.

Cera perdeu o valor
Os homens ficaram ricos
Um patrimônio bonito
Eles eram portadores
Aqui e no interior
Tinham curtume e fazenda
Compravam e faziam venda
Nasceram para negócio
Foi uma dupla de sócio
Nascido de encomenda.

La naquela região
Quase tudo é dos Machado
Jardim, mutambo e furado
Caissara e Lameirão
Ainda tem um montão
Que eu não me lembro agora
Zé machado não tem hora
Pra receber um amigo
Que ir la eu vou contigo
Pra te provar minha historia.

É um homem sertaneijo
Tinha os costumes da terra
Conhecia toda erva
Sabia até fazer queijo
Mas seu grande desejo
Era de ser empresário
Nada lhe veio ao contrario
Deus lhe deu toda essa graça
Foi uma luta de raça
Que dispensa comentário.

Sei que ele tem saudade
Daquele sertão fechado
Montanhoso e alagado
Em certas localidades
Nem se pensava em cidade
O vento nos refrescava
De tão bom que agente achava
Naquelas matas fechadas
Daquilo não tem mais nada
Das coisas que a gente amava.

O fio do telegrama
No meio do pau brancal 
De Santa Quiteria a Sobral
Era esse o panorama
Cortando cerca de cama
Pau a pique de faxina
Cortando aquelas campina
De ar tão puro e cheiroso
No mês de abril bem chuvoso
Lagos cheios de água-a-pé
Olhando o azul do pajé
Do meu sertão preguiçoso.

Mesmo com pouco talento
Um português meio precário
Pois eu não tenho preparo
Para qualquer advento
São frases rusticas, eu lamento
Por não ter sabedoria
Mas é tudo que eu queria
Exaltar tua grandeza
Desejar-lhe com certeza
Prolongação de seus dias.
(Auzim Freire)

ESCUTE NA VOZ DO POETA AUZIM FREIRE

A partida de José Machado


Parque Araxá botou luto
Com a morte de Zé Machado
Aqueles mais precisado
Que ele ajudava em oculto
Foi um dos maiores vulto
Com duas mentalidade
Conservava a amizade
Tanto ao rico como ao pobre
Suas condições de nobre
Não lhe dava vaidade.

Casou-se com dona Sara
Uma senhora de brilho
Porem não tiveram filho
Suas virtudes eram clara
Foi uma pessoa rara
Destemido e verdadeiro
Perdemos um grande guerreiro
A falta que agente sente
Não ter ficado a semente
Desse grande companheiro.

Era quase todo dia
A frente do escritório
Na presença era notório
Quem passasse por lá via
Eram muitos que pedia
O tenente se sentava
Numa cadeira e ficava
Não era dinheiro grosso
Mas pra comprar o almoço
Zé machado sempre dava.

Ajuda pra comprar gás
Ajuda para remédio
Pra o pessoal baixo médio
Na precisão ia atrás
Zé machado era demais
Atendia aquela gente
Nunca ficou diferente
Resolvia num segundo
Agradava todo mundo
De modo muito dessente.

Deus receba Zé machado
Como ele me recebia
Em qualquer hora do dia
Ele estava preparado
Deixava tudo de lado
De maneira bem decente
Muito alegre e sorridente
Dizia dando rizada
Conta logo essa piada
Que tu veio contar pra gente.

Toda vez que eu chegava
Na casa de Zé machado
Se ele tivesse sentado
Ligeiro se levantava
Corria e me abraçava
Com a maior gentileza
Mesmo ele tendo nobreza
Mais não tinha preconceito
Zé machado foi eleito
O grande pai da pobreza.

Ele nunca me deu nada
Mas também não precisava
Ele se prontificava
Sua lembrança é guardada
Era homem de chegada
De maneira especial
Sua vida foi igual
A uma luz que iluminava
Por onde ele passava
Era a tocha principal.

Hoje nos resta saudade
Pra nós da triste partida
Ele teve sua vida
Completa de caridade
Que pela nossa vontade
Zé machado não morria
Mais foi chegado seu dia
Deus lhe bote no caminho
Receba todo carinho
De Jesus José e Maria.

Hoje eu fico a relembrar
Um feito de Zé machado
Nosso campo foi murado
Nós ficamos sem jogar
Pediram pra eu ir lá
Pra falar com o tenente
E não saiu deferente
Ele olhou assim pro céu
Disse: - o campo é do Manel
Mais eu não falto essa gente.

Eu, Joaozinho, Antônio Machado,
Acompanhado do Pontes
Foi quem fizemos o encontro
Pro campo ser liberado
Mas vocês tenham cuidado
Tratem com muito respeito
Com o Manoel eu me ajeito
E depois falou com carinho
Entrego o campo ao Toinho
Nós ficamos satisfeito.

(Auzim freire)



Luiz Terto (Catita). 85 anos



HABIB ARY
 
Eu conheci Vladimir,
Que nessas frases se exibe
Ser amigo de Habib
Seu Habib Nadra Ary
E eu sem poder mentir
Fiz alargados elogios
Enaltecendo seus brios
Foi tudo na minha vida
Quando ela estava perdida
Nas correntezas dos rios.
 
Vou contar minha história
Do jeito que aconteceu,
Quem vivia como eu
Eu considero vitória,
Não vivo cheio de glória
Mas tenho muita saúde
Só isso é grande virtude,
Estou aposentado,
O salario é achatado
Mas fiz aquilo que pude.
 
Eu fui muito apadrinhado,
Por quem eu não conhecia
Tive profundas alegria
Com cidadãos educado,
Me fizeram privilegiado,
Eu cheguei até aqui,
Mesmo até sem me sentir
Sabe quem é esse homem
Eu vou dizer o seu nome,
Foi Habib Nadra Ary.
 
Eu estava desempregado
Passando necessidade
Com trinta anos de idade
E com cinco de casados
Eu já tinha trabalhado
Em hotel como cozinheiro
Tinha amigos verdadeiro
Eu era bem conhecido
Porém estava esquecido
Por parte dos companheiros.
 
Num domingo bem cedinho
Mesmo sem eu esperar
Apareceu Pedro Sá
Velho amigo de caminho
Me fez com muito carinho
Um convite alvissareiro
Lembrou-se do companheiro
Naquela hora cruel,
Pra mim voltar pra hotel,
Trabalhar de cozinheiro.
 
Recebi toda confiança
Ele ia pro Beira Mar
Eu fiquei no seu lugar
Foi um ato de elegância
Ele teve essa lembrança
Que Deus lhe pague no céu
Foi um amigo fiel,
Tirou-me daquela agonia
Fui fazer o que sabia
Na cozinha de um hotel.
 
Fui levado pro hotel
Pra falar com seu Habib
Homem de muito equilibre
Assinou logo os papel
Levantei as mãos pro céu
E disse estou empregado
Por Pedro Sá fui levado
Tomei conta da cozinha
Com toda força que tinha
Pra dar conta do recado.
 
Seu Habib era uma pessoa
Muito educada e decente
Sabia tratar a gente
Dona Suíta era boa
Por isso não é a toa
Que eles tem o que tem,
Sabia fazer o bem
Dona Zuleide e Seu Nadra
Que o Reino do Céu se abra
Pra Doutor Jammil também.
 
O meu primeiro transporte
Seu Habib me vendeu
O prazer que ele me deu
Não foi de pequeno porte
Comecei a ficar forte
Com um carro muito belo
Era um fuscão amarelo
De sua propriedade
Foi um ato de bondade
Que desse jeito eu revelo.
 
 
E a minha moradia,
Quando eu morava alugado,
Também fui presenteado
Pois comprar eu não podia
Ele deu uma quantia
Pra eu comprar a morada
Fizemos negociada
Com o tempo de serviço
Assinei o compromisso
Tudo sem data marcada
Ele nunca me exigiu nada
Nem me afrontou com isso.
 
Paguei do jeito que pude
Sem um centavo de juro
Foi o cidadão mais puro
Homem de muita virtude
Foi das mais altas atitudes
Que já vi em meu caminho
Nunca me deixou sozinho
Com ele eu tudo arranjava
Ele sempre me tratava
Com gratidão e carinho.
 
Sei que cometi um dano
Pois sai do Premier
Sem seu Habib saber,
Ele estava viajando,
As vezes fico pensando
Pra que que agi assim
Ele era tão bom pra mim
Tinha-me tanta atenção
Paguei com ingratidão
Tudo o que ele fez por mim.
 
Seu Habib me ajudava
Com muita satisfação
Entre empregado e patrão
Muito certo nós andava
De nada me reclamava
Fui grosseiro reconheço
Hoje eu sei que não mereço
Nem dar um bom dia a ele
Mas foi na pessoa dele
Que eu tive meu começo.
 
Eu queria ter um jeito
De um dia lhe agradecer
Seria um grande prazer
Mesmo assim com meus defeitos
Pois ninguém nasce perfeito,
Cada qual puxa seu lado,
Ou pra certo ou pra errado,
Eu tinha satisfação
De pegar na sua mão
Lhe dizer muito obrigado.
 
(Auzim Freire)